Crise, desemprego e falta de financiamento pesam na decisão, mas há outros fatores por trás da evasão de alunos no ensino superior.

Pouco importa o modelo da instituição, sempre há fatores que levam o aluno a evadir as aulas, sejam eles problemas individuais ou uma mistura de obstáculos.

Se há evasão na rede pública de ensino superior, o cenário é ainda mais sério na particular.

Segundo a edição mais recente do Mapa do Ensino Superior do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), em 2016, a taxa de evasão dos cursos presenciais atingiu o índice de 30,1% na rede privada e 18,5% na rede pública.

Nos cursos EAD, no mesmo ano, o índice chegou a 36,6% na rede privada e 30,4% na pública.

Entre os alunos que iniciaram o 1º ano de um curso, a taxa de evasão foi de 26% para quem não tinha financiamento e em torno dos 9% para os que tinham financiamento ou Prouni (Programa Universidade para Todos).

A porcentagem de alunos do 1º ano que deixaram a faculdade pública manteve-se em torno dos 14%.

O fato é que a evasão no ensino superior é um problema com o qual o país sempre teve de lidar, com ou sem cenário de crise.

O que leva o aluno a evadir? 5 motivos pelos quais estudantes abandonam o ensino superior

 

  • Problemas com as finanças

Dentre todos os motivos, a falta de dinheiro talvez seja o que mais influencia na decisão de deixar ou que força o aluno a se tornar inadimplente.

Isso é evidente quando os pais, responsáveis ou próprio aluno ficam desempregados. A educação, nesse caso, rapidamente muda de prioridade.

Há também os casos em que o aluno subestima os custos da faculdade e percebe um pouco tarde que não poderá arcar com tudo.

Segundo o Semesp, o valor médio dos cursos superiores presenciais aumentou 2,4% entre 2017 e 2018. O preço médio da mensalidade ficou em torno de R$1.000.

 

  • Ensino médio fraco

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 revelou que apenas 1,62% dos estudantes da última série do Ensino Médio alcançaram níveis de aprendizagem adequados em Língua Portuguesa.

Em Matemática, somente 4,52% alçaram níveis de aprendizagem considerados adequados pelo Ministério da Educação (MEC).

Há um momento em que esses alunos já não conseguem lidar com a carga de trabalho e níveis de complexidade e abandonam a faculdade.

Alguns têm dificuldade até para se adaptarem ao mundo de autonomia encontrado na universidade.

 

  • O estudante não tem certeza sobre o curso

Outro motivo que leva o aluno a evadir é o curso que não atendeu às suas expectativas ou que não foi a sua primeira escolha.

Nas apresentações da primeira semana de aula, é comum ouvir um “não tenho certeza”, sobretudo nas áreas de ciências sociais, cujo ingresso é um pouco menos “apertado” do que nos cursos de exatas.

Há ainda o fato de que a escolha pode ter sido feita sob pressão dos pais.

 

  • Difícil acesso aos professores

Esse não parece ser um grande problema nas instituições de ensino de pequeno porte, mas naquelas um pouco maiores, pode ser raro passar um tempo de qualidade com os professores e orientadores.

Há especialistas que concordam que a instrução personalizada parece ser um conceito promissor, pois lidar com poucos alunos de cada vez melhora a sensação de receber atenção, aumentando a motivação para aprender.

 

  • Queda na percepção de valor pelo aluno

Outra razão que leva o aluno a evadir é a sensação de que poderá arranjar um emprego mais rapidamente se cursar curso técnico ou tecnólogo.

No Brasil, profissionais que concluíram o ensino superior ganham, pelo menos, o dobro daqueles que não concluíram a faculdade. Porém, há inúmeros casos de alunos que se graduam e não conseguem emprego ou que se veem forçados a atuar numa área totalmente diferente daquela para a qual se prepararam.

Apesar de o novo ministro da Educação defender a expansão do ensino técnico sobre o superior, a maioria dos empregos ainda requer bacharelado.

Como reduzir a evasão de alunos no ensino superior?

 

  • Financiamento

Oferecer uma possibilidade de continuar os estudos não significa necessariamente conceder bolsas ou descontos enormes, afinal, educação custa caro.

Com um financiamento privado, o aluno pode pagar o valor integral da dívida, mas num prazo mais longo.

À medida que o Fies fica mais estreito, as instituições precisam trabalhar com outros parceiros para diversificar a renda que usam para conceder financiamento.

Isenção de matrícula pode ser uma opção se a IES não for prejudicada a longo prazo.

 

  • Estágio

Outra ferramenta para diminuir o risco de o aluno evadir é facilitar seu ingresso no estágio.

Como gestor, avalie fechar parcerias com empresas para a contratação de estagiários vindos de sua IES.

Além de garantir emprego e condições para o estudante se manter no curso, o estágio fornece conhecimento e experiência. E, ainda, melhora a imagem da marca.

 

  • Corpo docente de qualidade

É importante que os professores sejam preparados para lidar com as dificuldades dos recém-chegados.

Um programa de orientação é bem-vindo e isso deve incluir aulas introdutórias para ensinar os alunos a como estudar e lidar com o rigor do ensino superior. Muitos se sentem sobrecarregados assim que fazem a transição do ensino médio para o superior.

O preparo vai além. Mestrado e doutorado são pré-requisitos para lecionar no ensino superior, embora não garantam que o professor se manterá motivado, interessado e criativo após anos de carreira.

Sabemos que um corpo docente preparado custa caro. Mas demitir os mais qualificados como medida de readequação orçamentária pode prejudicar qualidade e prestígio da IES.

 

  • Monitoramento de presença

Os calouros precisam de disciplina desde o primeiro dia de aula. Se começam a faltar repetidamente, correm o sério risco de desistir do curso.

Recomenda-se que a IES adote uma política de frequência obrigatória às aulas do primeiro ano. O estudante que faltar mais de duas aulas consecutivas deve ser reportado para que o time de retenção telefone para ele, busque saber o motivo das faltas e acompanhe esse aluno por um tempo.

Conclusão

Uma parte importante da retenção de alunos é a discussão e adoção de medidas para motivar os jovens a ingressarem e se manterem no ensino superior. Para isso, é preciso ter real interesse pelo aluno e suas dificuldades.

Para facilitar o trabalho de quem precisa estar a par de todos os processos da vida acadêmica, a Quero Educação lançou um produto que conjuga a admissão digital e gestão financeira da universidade, otimizando, também, a captação e retenção de alunos.

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O blog Quero Alunos tem vários outros artigos sobre evasão no ensino superior, acesse-os aqui. Não deixe de se inscrever na nossa newsletter e clique aqui para conhecer o Quero Alunos Premium.

Sergio Fiuza
por Sergio Fiuza